domingo, 28 de março de 2010

Do Blog "Saco é um Saco"

Posts Tagged ‘compostagem’Era dos Polímeros Biodegradáveissegunda-feira, setembro 21st, 2009
Este é mais um post especial, escrito pelo Prof. Guilhermino Fechine, da Universidade Mackenzie.

Neste texto, o prof. Fechine nos explica que os polímeros biodegradáveis – plásticos são polímeros – não são a solução única para o impacto ambiental dos plásticos, e que tudo depende da aplicação: produtos descartáveis e biodegradáveis são interessantes, mas o plástico convencional é mais indicado para produtos que precisam durar. No final das contas, tudo gira em torno do consumo consciente e da correta destinação dos resíduos.

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A todo o momento, a comunidade mundial é vista diante discussões sobre o uso de polímeros biodegradáveis (PB’s) a fim de esclarecer se esses são a solução para diminuição da poluição ambiental e escassez de fonte de matéria-prima não-renováveis. Do ponto de vista sobre a escassez de matéria-prima não-renovável (petróleo), sabe-se que a produção de plásticos no mundo consome apenas cerca de 4% do petróleo. Desta forma, a contínua produção de polímeros a partir do petróleo não será o principal vilão do esgotamento dessa matéria-prima, como normalmente, as pessoas acreditam que seja. Contudo, este fato não justifica que esses polímeros sejam subaproveitados com apenas uma única utilização desperdiçando a energia contida em todo seu processo de obtenção e processamento. A melhor saída para esses casos é que esses materiais sejam reciclados, retornando a comunidade na forma de produtos ou de energia.

No caso dos polímeros biodegradáveis (PB), incluindo os obtidos a partir de fontes renováveis ou não, primeiramente há a necessidade de avaliar o tipo de aplicação que se pretende atender. Sacolas plásticas, materiais para sutura médica, filmes para recobrimento de plantações e materiais descartáveis no geral são casos em que se prevê situações concretas para utilização de PB’s, principalmente aqueles obtidos por fontes renováveis. Porém, sabe-se que o processo de biodegradação depende de vários fatores, e que este só ocorrerá em situações bem específicas. Ou seja, o crescimento da produção de PB’s terá que ser acompanhada com o aumento da infraestrutura de coleta e descarte de resíduos sólidos, senão muitos dos PB’s descartados nunca irão se decompor, nem voltar ao ciclo de “carbono”, tornando-se vilões idênticos aos polímeros convencionais no que diz respeito à poluição ambiental e volume em aterros sanitários. Este é um fato bastante preocupante, porque a grande maioria das cidades brasileiras não possui um sistema efetivo de gerenciamento de resíduos sólidos, nem se tem à disposição um grande número de usinas de compostagem.

Num momento não muito distante, poderá ser mencionado que o mundo no final do século 20 começou a ser invadido pela a Era dos Polímeros Biodegradáveis, inicialmente devido ao apelo ambiental e posteriormente pelo desenvolvimento tecnológico na área de síntese e processamento desse tipo de polímeros. A população em geral, a comunidade acadêmica e as indústrias terão que se adaptar e conviver com os plásticos biodegradáveis, além de rever os conceitos relativos a eles, por que num futuro muito próximo a presença destes poderá ser não só uma saída para a diminuição do acúmulo de material plástico em lixões, mas também uma alternativa de substituição dos plásticos não-biodegradáveis obtidos por fontes não-renováveis.

Professor Guilhermino Fechine
Universidade Mackenzie

Tags:alternativas, bioplásticos, coleta seletiva, compostagem, Especiais, impacto ambiental
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Compostagem e composteirasterça-feira, setembro 15th, 2009
Uma das formas de reduzir a necessidade de usar sacolas plásticas como sacos de lixo é reduzir a quantidade de lixo que produzimos. E uma das formas de fazer isso é a compostagem dos resíduos orgânicos. Não é tão difícil ou fedido quanto parece – aprenda a fazer uma composteira em casa e reduza seu volume de lixo!

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Desde que o mundo é mundo, a natureza vem naturalmente reciclando os seus materiais e os reaproveitando das mais diversas maneiras, afinal, como disse Lavoiser em meados de 1760: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Gaia, a Mãe–natureza, reaproveita todo e qualquer resíduo seja ele de fonte animal ou vegetal, como uma fonte de nutrientes que vão realimentando e mantendo todo o ecossistema em seu perfeito funcionamento.

E é nesse espirito que o homem resolveu sintetizar esse sistema perfeito do mundo natural, e vem fazendo sua própria reciclagem de material de fonte biológica, a compostagem.

Há mais de dois mil anos, os chineses vêm usando a compostatem para evitar a contaminação das vilas e de sua água; a maioria dos fazendeiros transformam os resíduos de suas plantações (como resto de espigas de milhos ou folhas de bananeira) em adubo orgânico, reintroduzindo esses resíduos no sistema, evitando o consumo de agrotóxicos de origem fóssil e reduzindo o volume de resíduos que produzem.

Quando tentamos fazer a transição desta velha atividade rural para o meio urbano, esbarramos em idéias do tipo: “Eu não tenho espaço” ou “minha casa vai ficar fedendo”, ou ainda “não posso perder meu tempo amassando e mexendo lixo…”. Então vejamos, na prática, como funciona uma composteira e seus processos.

A compostagem, por definição, é o processo de tratamento dos resíduos orgânicos, sendo transformados pela ação de microrganismos presentes nos próprios materiais, gerando como produto final um composto estável que é utilizado na preparação do húmus.

Para alimentar as composteiras, podemos colocar estercos de animais ; qualquer tipo de plantas, grama cortada, ervas, cascas de frutas, folhas secas, palhas ; qualquer substância de origem animal e vegetal (restos de comidas, cascas de ovo… ). Quanto mais fragmentados os materiais, maior é a eficiência da composteira, devido ao aumento da superfície de contato onde as bactérias estarão atuando. Não é bom, no entanto, incluir restos de carne, pois seu processo de decomposição provoca mau cheiro.

As composteiras ajudam a diminuir o volume de lixo que será enviado aos aterros e lixões, que sem tratamento adequado, iriam contaminar o solo e os lençóis freáticos, atingindo poços para o consumo humano e animal. Compostando seus resíduos orgânicos, você estará gerando um ótimo adubo, sendo melhor que os adubos químicos, já que não poluem e agridem o meio ambiente. Este produto final, poderá ser usado para alimentar sua jardineira, jardins, mini-hortas… Existem casos de condôminos que obtiveram descontos em suas taxas de condomínio, pois doavam o adubo produzido em suas composteiras para serem usados na manutenção de jardins.

Segue abaixo um modelo de composteira feita de PVC (lembra das caixas plásticas usadas em supermercados para o transporte das compras?) que ocupam espaços mínimos, sugerido por Alexandre de Freitas, da Fundação Gaia:

1.Forre por dentro um engradado de pvc com uma camada espessa de jornal bem úmido, mais ou menos 6 ou 8 folhas. Depois de acomodar estas folhas de jornal faça furos no fundo.

2.Preencha o fundo deste engradado com composto já pronto e com minhocas. Faça uma camada de mais ou menos 10 cm de espessura. Nos supermercados e em floriculturas encontramos um produto genericamente chamado de húmus de minhoca. Um bom húmus sempre tem alguns ovos e filhotes de minhoca que sobrevivem ao peneiramento e à embalagem.

3.Escolha no seu lixo orgânico algumas porções de cascas de frutas ou folhas de verduras, não muito.

4.Enterre este material no composto. Isto vai servir para avaliar a quantidade de minhocas que existe neste material, já que elas serão atraídas pela comida (lixo orgânico).

5.Cubra tudo com mais uma camada de jornal úmido. O jornal tem que estar sempre úmido, caso contrario roubará água do material que esta sendo compostado e este não ficará pronto em poucas semanas.

6.Providencie uma tampa para o seu composto. Isto evitará a proliferação de moscas e baratas além de servir de barreira para um eventual rato.

7.Agora uma parte bem importante! Observe por alguns dias quanto tempo as pequenas minhocas levam para comer uma determinada quantidade de lixo orgânico. Esta é a capacidade de reciclagem da sua composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo o consumo de resíduo orgânico vai aumentando. Uma minhoca vermelha do composto (Eisenia foetida) pode comer o próprio peso em um único dia, além disso com apenas três meses elas já estarão se reproduzindo, podendo depositar um casulo a cada semana. Cada casulo desses pode gerar de quatro a doze pequenas minhocas que já nascem prontas para comer muito pelo resto da vida. Uma composteira doméstica pode ser considerada eficiente quando os resíduos orgânicos somem totalmente em menos de duas semanas.

Outra técnica muito usada por jardineiros experientes para avaliar um composto é a quantidade de ruídos que este pode produzir. Difícil de acreditar? Então experimente, quando seu composto estiver produzindo um pequeno ruído que lembra um líquido escorrendo é sinal de que as minhocas estão trabalhando a todo vapor. Daí para a frente é um processo contínuo e crescente.

O que fazer quando a composteira está cheia

O que acontece com as composteiras domésticas é que elas sempre têm uma quantidade de material pronto, uma parcela de material em processo de decomposição e uma porção diária de lixo orgânico ainda fresco. Isto dificulta bastante a coleta do material que já está pronto para o uso. Para este problema temos uma solução. Veja a seguir:

Um engradado-composteira vai sendo lentamente preenchido e as minhocas vão comendo e reciclando material de baixo para cima. Bem, um dia nosso engradado estará completamente cheio, com material já reciclado no fundo e lixo fresco junto à superfície. Isto é inevitável, mas uma maneira de contornar este problema é simplesmente forrar as laterais de um novo engradado e empilhar sobre o primeiro. Assim, dê continuidade ao processo colocando uma porção do composto cheio de minhocas no fundo do segundo engradado e siga o processo normalmente. Desta forma as minhocas continuarão trabalhando no sentido vertical e em algumas semanas a sua primeira caixa estará completamente reciclada e você terá mais ou menos 25 Kg de adubo orgânico de primeiríssima qualidade.
Onde colocar a composteira

A composteira de engradados de pvc não deve ser colocada em locais sem ventilação. Não devemos desperdiçar locais ensolarados com a comnpostagem que dispensa a luz solar; as plantas sim precisam dela. Os engradados de compostagem devem ser colocados sobre um suporte que pode ser desde de um simples e pouco eficiente jornal, até bandejas ou caixas que possam coletar e canalizar o chorume (líquido que escorre do composto) completamente. Um bom composto deve produzir muito pouco ou nenhum chorume. Mas quando regamos o composto no verão isto é inevitável. Por garantia podemos acomodar nossos engradados sobre uma bandeja plástica, de metal ou de madeira, de pelo menos 5 centímetros cheia de brita, cascalho ou areia bem grossa. O importante é que o composto tenha o mínimo contato com o chorume.
Sofisticando um pouco mais podemos construir um suporte de concreto ou tijolos e cimento que tenha pelo menos 40 centímetros de altura e onde possamos encaixar os engradados. Devemos cuidar para tenha um dreno (furo) no fundo e então podemos preencher metade da altura com carvão vegetal (aquele que compramos para fazer churrasco) e logo por cima despejamos a mesma quantidade de brita, e por cima da brita acomodamos os engradados. Desta forma o eventual chorume escorre pela brita até a camada de carvão onde é desodorizado e ligeiramente filtrado. Evitando sujeira na sacada ou na área de serviço. Para composteiras feitas diretamente na terra este problema praticamente não existe já que o solo absorve o chorume.
O que pode ser compostado e como usar o composto gerado

Praticamente qualquer coisa orgânica é passível de compostagem. Preferencialmente devemos usar os resíduos orgânicos vegetais crus gerados em nossa cozinha, os restos de comida podem e devem ser compostados, porém devemos lembrar que o sal pode diminuir a qualidade de nosso composto tornando-o mais salino do que o conveniente. Pensando ecologicamente o certo é não termos restos de comida, um pouco de organização pode evitar desperdícios e viabilizar a prática da compostagem domiciliar de forma totalmente eficiente. Mas quando não conseguimos comer tudo o que preparamos o destino mais adequado para os restos de comida é a composteira. Ossos podem ser compostados, principalmente os cozidos. Já a carne crua não é o melhor material pois pode cheirar mal dentro da composteira. O jornal e outros papeis velhos podem ser usados sem problemas, mas devemos lembrar que o jornal limpo se presta muito mais para a reciclagem (fabricação de um novo papel) do que para a compostagem. Então devemos usá-lo com sabedoria.
Após o composto estar pronto você pode usá-lo em suas flores, folhagens, hortaliças e temperos. Aplique de acordo com a necessidade de cada espécie de planta. Samambaias em geral e folhagens tropicais gostam de doses bem fartas de composto, algo em torno de um quarto do volume do vaso ou da floreira. Devemos repor um pouco de composto na superfície a cada estação, e depois de um ou dois anos é melhor refazer tudo (esta recomendação não vale para todas as plantas). Em gramados podemos usar até cinco quilos por metro quadrado no final do inverno e nas violetas no início de cada estação devemos aplicar na superfície da terra uma colher de sopa bem cheia de composto, misturada com uma colher de cafezinho, de farinha de osso (faça a sua com cascas de ovo ou compre uma de boa qualidade). Vale lembrar que plantas aromáticas gostam de solos bem drenados e com pouco composto (use a farinha de osso nestas plantas também).

Um engradado de pvc é capaz de compostar o resíduo orgânico gerado por até três pessoas. Para uma família maior é só aumentar o número de caixas. É preferível fazer duas pilhas de engradados do que empilhar muitos. Se a família dispõe de um pátio com terra poderá optar por um modelo mais convencional de composteira feita de tijolos ou madeira. Tijolos bem empilhados podem gerar uma ótima composteira mas por segurança podemos uní-los com cimento ou barro bem amassado. Composteiras de quintal devem ser feitas uma ao lado da outra formando compartimentos que vão sendo preenchidos com resíduos orgânicos um de cada vez. Assim, as minhocas vão reciclando o material a cada compartimento preenchido, seguindo o mesmo procedimento anterior.

*Baseado “Como compostar o lixo orgânico, mesmo em pequenos apartamentos“, artigo de Alexandre de Freitas, Fundação Gaia – Brasil - www.fgaia.org.br

2 comentários:

  1. Bom dia ! Sou de porto alegre no rio grande do sul, tenho um cliente de uma empresa de paisagismo que acumula muitos resíduos e gostaria de implantar uma compostagem! Preciso elaborar um projeto para solicitar financiamento no banco, tens algo similar para aproveitar em meu projeto??

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